Estudos Sobre o Gozo II
FOGO
Observar obcecada
as bolhas levantadas
sob a nervura da nossa pele
precocemente senil
procurar loucamente
uma máquina do mundo
decomposta nos nossos rostos.
descobrir que nossas bocas em chagas
são desejos desdobrados
dos nossos sexos em chamas.
procurar loucamente
uma máquina do mundo
decomposta nos nossos rostos.
descobrir que nossas bocas em chagas
são desejos desdobrados
dos nossos sexos em chamas.
TERRA
Enterrar seu corpo entre as eras
que separam teu membro impúbere
de um amadurecido
fruto de outono.
Te envolver em cravos vermelhos
e te guiar com uma vela
feito uma criança cega
que tateia nas procissões.
Te entalhar com vinho e erva
e te abandonar olhando a chuva
que espanta a multidão.
ÁGUA
Te oferecer meu púbis extático
para que o afogue em água rasa
até descobrir
de que substância
é feito o vazio
Deixar que semeie
as circunferências das matrizes
até que eu agonize
e multiplicada pelo seu sangue
arranque minha última raiz.
AR
Te tratar como um fantasma
dançando com sua
ausência
no círculo lunar
do escorpião.
Construir agoniada
uma teia feita de nada
que nos leve à impossibilidade
de um amor violentado
pelo pé estilhaçado
da dissolução.
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