quarta-feira, 29 de junho de 2016

BICHO DE PÉ
A memória  cicatriza com uma garfada.
De barriga cheia a língua lambe as facas
que  foram  poupadas da raiva da turba
da preguiça dos bêbados
e da impossibilidade dos animais.
A vergonha se esconde em vulvas ensanguentadas
em fósseis de mulheres encontradas na África
nos restos de comida desperdiçada
na violência dos pequenos rancores.
Não é preciso dizer tudo.
O tempo que escorre lento
é maior que o da palavra inventada.


segunda-feira, 27 de junho de 2016

Meninos


Tem sempre um menino bonito para a gente espiar
os meninos no mar são movimentos que emergem em ombros
e se afundam em membros molhados...
percorrendo as grossas coxas
que nadam escondidas no escuro lunar.



Os meninos não têm idade, cor ou altura
às vezes são tão leves que a gente não consegue enxergar
esses voam ou andam de bicicleta
vestem gravatas amarelas
e juram que vão se matar.


Outros truculentos guardam terra nas entranhas
abominam os malabaristas
e tudo que fica no ar
mas meninos só se transformam em meninos
quando a gente para de olhar.