terça-feira, 9 de setembro de 2014

  1. Ferida

  2. São fundas as feridas, como as viagens que se sucedem
    em busca de um céu mais quente
    e nada pode ser dito: Nossa infância pobre, nossos ritos
    e saímos lendo poemas pelas ruas
    Traçando rotas de esquecimento
    e acariciamos os cachorros perdidos
    e no desalento deles nos perdemos.

    São limpas e incorpóreas as feridas...
    Como as palavras dos velhos livros que lemos
    Como os brincos de prata que perdemos
    Como os pratos que não cozinhamos
    Como o vinho que não bebemos

    São profundas e incuráveis as feridas
    que desenhamos nas trevas do nosso avesso
    como as rugas coladas do desejo
    ou como os banhos que tomamos
    cravados nos azulejos

    São invisíveis
    as feridas que trocamos
    afogados nos trópicos imóveis
    do esquecimento.

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