Fotografia de Chema Madoz.
SOL PARA ANÔNIMOS
Minha infância está imersa no tempo das pequenas ilhas
dispersa entre constelações que impedem o tempo de passar
em um lugar onde toda a terra é coberta de pó
e as casas são do tamanho da solidão e da falta de juízo.
Voltar para a infância é um risco que eu evito
um método lento que utilizo quando quero enlouquecer
lá, me escondo sem culpa na ilusão do paraíso
e observo as ruas e os cachorros que desaparecem famintos.
e observo as ruas e os cachorros que desaparecem famintos.
Minha infância é a invenção de um ser que eu espio
um ser sem asas que não pode ser jovem nem antigo
um poema suspenso que nasce pendurado no espaço do abismo
entre o silêncio sem sentido das minhas noites mal dormidas
e a descoberta
perplexa da anatomia dos anjos
com seus gestos de espanto vegetativosperdidos para sempre
nas coxas viciadas do caos.
Belo poema... imagético, introspectivo...
ResponderExcluir"gestos de espanto vegetativos
perdidos para sempre nas coxas viciadas do caos." Que desfecho!!!
Poema criativo, diferente, surpreendente até. Você escreve sobre o Universo, o Tempo, a Terra. E se refere também a solidão, infância, gritos e canções. E ainda se reporta a abismos e silêncios.
ResponderExcluirOra, os temas que enunciei acima tocam a todo e qualquer ser humano, prendendo sua atenção e fazendo-o meditar, sonhar, descobrir-se, engrandecer-se. Tal é a missão da Poesia.
Entretanto, falta algo neste poema. Talvez retomar sua escrita, torná-lo mais terno e eterno. Transfigurar suas imagens, escolher palavras que agradem a todos. Sei lá. (falei demais, não?)
ResponderExcluirImagina, obrigada, tudo aqui está em processo, nada é definitivo...
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