EU
Sou do mês de janeiro
a morte me habita
nasci da tempestade
começo pelo fim
Eu sou filha de Saturno
e lavo as impurezas lilases
das carnes lubrificadas
que restam pelo caminho
Eu sou filha do tempo
carrego um escudo por dentro
atravesso insensível os campos
germino em corpos noturnos.
Sou do mês de janeiro
a morte me habita
nasci da tempestade
começo pelo fim
Eu sou filha de Saturno
e lavo as impurezas lilases
das carnes lubrificadas
que restam pelo caminho
Eu sou filha do tempo
carrego um escudo por dentro
atravesso insensível os campos
germino em corpos noturnos.
CORDEIRO DE ABRIL
ResponderExcluirEu sou filho de Abril,
um deus do calendário
que traz no semblante
trinta sóis a contemplar
meus quarenta rubis.
Nasci no seio de Abril,
por isso esta cor rubra,
esta atitude vermelha,
este desejo encarnado.
Circulo nos veios de Abril,
faço parte da claridade,
da brisa que atravessa
o sertão das palavras.
Eu sou filho de Abril
e apascento as roseiras
no verdor das horas.
Sou o cordeiro e o signo
tangendo a si próprio
como quem tange
para bem longe
o pensamento.
O cordeiro de Abril,
que vivencia pecados
e inventa mundos
por onde passear
de tardezinha.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO