Afogada
na imobilidade do pecado
na imobilidade do pecado
tateio com a ponta dos dedos
seus
ossos escondidos
E
nesse mergulho me sento
sobre
a moldura de mil homens
que se hostilizam no paraíso
e por causa da primavera
e por causa da primavera
eu raspo meus pelos pubianos
como
se raspasse meus delírios
e aumento
o fascínio do banquete
sujeitando seu rígido membro
a um rigoroso regime
e no fim da Estação
arranco sua língua morta
arranco sua língua morta
de dentro dos meus Eclipses.
Canto 2 – A Avareza
E por que haveria eu de querer sua alma na minha cama?
E por que haveria eu de querer sua alma na minha cama?
se tenho seu membro
sujeito ao meu fixo calendário
e às cruéis temporadas de abril.
Pode economizar seu ralo sêmen de esfinge
que eu economizo minhas palavras gentis
e quando você menos esperar
lhe possuo sem um pingo de febre
como uma cadela possui um macho
cegado pelas trevas do cio.
e às cruéis temporadas de abril.
Pode economizar seu ralo sêmen de esfinge
que eu economizo minhas palavras gentis
e quando você menos esperar
lhe possuo sem um pingo de febre
como uma cadela possui um macho
cegado pelas trevas do cio.
Canto 3 – A Luxúria
Porque dentro da
minha buceta
tudo é faca e
arremesso
eu me arrisco
e espio no espelho
o movimento dos seus
quadris
e te sinto escorrer
lânguido
sobre minha pele seca
após seu líquido
impuro
ter sido derramado
como o óleo de um navio
E peço que me sufoque de novo
nesse nosso jogo adâmico
onde eu faço papel de Ofélia
e me afogo dentro de
mim.
Maravilhoso!!!! Três movimentos de uma sonata lírica, forte & íntima. "...e por causa da primavera eu raspo meus pelos pubianos como se raspasse meus delírios..." /// "E porque haveria eu de querer sua alma na minha cama? se tenho seu membro sujeito ao meu fixo calendário e às cruéis temporadas de abril". /// "...após seu líquido impuro ter sido derramado como o óleo de um navio."
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